Pais pedem explicações sobre morte de bebê em hospital de Ribeirão Preto: 'entrou com febre e saiu morta'
Pais pedem explicações sobre morte de bebê em hospital de Ribeirão Preto: 'entrou com febre e saiu morta'
Casal alega que Isabella Domiciano, de 1 ano, piorou após tomar antibiótico no Hospital Sinhá Junqueira no início do mês. Caso deve ser investigado pela Polícia Civil.
A Polícia Civil
instaurou um inquérito para apurar a suspeita de erro médico na morte de uma
bebê no Hospital Maternidade Sinhá Junqueira, em Ribeirão Preto (SP).
Segundo os pais,
Isabella da Costa Domiciano, de 1 ano, foi internada após apresentar febre e
seu quadro clínico piorou até a morte em 6 de fevereiro após ser submetida a
diferentes exames e ser medicada com um antibiótico. Eles afirmam que não
conseguiram explicações sobre o ocorrido, apesar de terem solicitado a
necropsia.
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"Acredito que a
minha filha foi medicada errada. Alguma composição daquele medicamento agravou
a situação da minha filha. Ela entrou com febre e saiu morta. Eu não acredito
que estou vivendo isso. A investigação está acontecendo justamente por
isso", diz a mãe, Silvana Costa Domiciano.
Em nota, o hospital informou ter seguido o protocolo
padrão de atendimento, mas não divulgou a causa da morte, alegando questão de
sigilo. Acrescentou, no entanto, que essa informação está à disposição da
família no prontuário médico.
A direção comunicou ainda que enviou o corpo ao
Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), mas que a necropsia não foi feita por
orientação do próprio serviço, em razão da causa da morte estar fundamentada na
documentação médica enviada pelo hospital.
O SVO, por sua vez, confirmou dispensar a necropsia em
casos em que a causa da morte é esclarecida por documento assinado por médico,
e que só realiza o exame caso haja um pedido por parte da família, que procurou
a unidade após a liberação do corpo.
Da febre à morte
Isabella teve uma febre e foi levada ao
hospital no início de fevereiro. Silvana relata que a primeira médica a atender
sua filha pediu um hemograma e um exame de raio-x, que apontou a suspeita de
pneumonia.
Depois de a mãe dizer que não sabia se a
filha tinha alergia a algum medicamento específico, a profissional receitou
amoxicilina, um tipo de antibiótico, conta Silvana.
"Ela falou assim: vamos dar 3 ml durante
10 dias. Só que vocês esperam aqui por meia hora, se ela não vomitar, vocês vão
para casa. Esperamos, ela não vomitou e voltamos para casa", afirma.
Em vez de melhorar, em casa a menina começou
a vomitar depois de passar uma noite com sono conturbado, o que motivou os pais
a novamente levarem a paciente ao Sinhá Junqueira, que adotou os mesmos
procedimentos da primeira visita. "Nem água parava no estômago. Voltamos.
Chegou lá, passei tudo de novo, o que ela já tinha tomado, o que estava
acontecendo. Fizeram um novo raio-X."
Isabella mais uma vez recebeu alta depois de receber uma medicação para cortar o vômito. Depois de uma noite de sono aparentemente tranquila, o problema voltou no dia seguinte.
"Voltamos para casa novamente. A gente oferecia água, ela pegava, dei de novo o antibiótico, ela não vomitou. Dei o banho nela e coloquei para dormir. Eu deitei com ela, ela começou a dar ânsia e vomitou tudo."
Em novo retorno ao hospital, outra médica atendeu a bebê e, segundo Silvana, demonstrou preocupação. Foi durante esse atendimento que os pais afirmam terem percebido que a barriga da filha estava inchada e rígida. Em resposta, uma médica receitou um antigases, mas a menina parecia pior e sem reação.
"Minha vontade era arrancar minha filha de lá e sair daquele hospital. Mas a gente tinha consciência que, se fizesse isso, poderia ser pior. E se ela morresse em casa, ou tivesse uma complicação maior?"
Silvana diz que, depois que a menina não melhorou após tomar soro, foi levada pela equipe médica à unidade de terapia intensiva, onde foi entubada e submetida a exame de sangue.
"Nós chegamos lá e ela barrou a gente na porta. Ela falou assim ‘ela teve uma piora’. E a médica, o tempo todo, não estava com uma cara boa. Ela mesma não estava entendendo. Ela deixou a gente entrar para ver. Nisso, minha filha estava com a mão amarrada, cheia de coisas."
Naquele momento, os médicos também descartaram a hipótese de meningite, segundo Silvana. "Mas eu vi na cara dela [da médica] que ela queria até que desse positivo, para entender o porquê da piora da minha filha."
A partir de então, o estado de saúde dela piorou até que a criança não resistiu, contam os pais.
"A minha filha entrou com uma simples febre, ela piorou lá dentro e veio a óbito. A explicação sempre é essa. Eu acredito que não sou o primeiro a ouvir isso, acredito que devem ter vários pais que perderam os filhos e a explicação é sempre essa: foi uma bactéria que se alastrou, tomou conta do corpo da sua filha e matou ela", afirma o pai, Olímpio Domiciano Filho.
A menina foi sepultada no dia 7,
sem que os pais soubessem a real causa da morte, segundo Silvana. Ela conta que
a menina não foi submetida a uma necropsia.
A mãe, que acredita que tudo
começou a piorar para a filha a partir do antibiótico, diz ter procurado a
polícia porque precisa de explicações.
"Disseram que tinham dados
suficientes para fazer o laudo, foi isso que passaram para nós", afirma.
Para o pai, tudo o que a família
quer agora é esclarecer o caso. "Hoje, eu não posso afirmar nada. A gente
não pode acusar o hospital, se houve erro médico, mas há suspeita, há dados que
geram suspeitas. Eu não posso afirmar, mas o nosso coração sente isso. A gente
sente que algum medicamento fez mal para ela."
Fonte: G1
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